Bate-papo UOL: Eva Wilma comenta o lançamento de sua biografia
Da Redação
A atriz Eva Wilma participou de um Bate-papo no UOL nesta terça-feira (12) para falar sobre o lançamento de sua biografia, "Eva Wilma - Arte e Vida", obra da própria atriz - que rascunhou o texto - em parceria com a escritora e contista catarinense Edla Van Steen, com quem já tinha trabalhado anteriormente: "Ela já tinha escrito um texto, há três anos, sobre meus 50 anos de carreira. Nós somos muito amigas, há uma cumplicidade entre nós". Reconhecida como uma das melhores atrizes brasileiras, Eva Wilma disse que precisa sempre retornar à prática do teatro, que considera como um celeiro do ator. "Se eu ficar muito tempo sem retornar ao exercício do ator ao seu estado mais puro, eu corro o risco de parar de evoluir", conclui.
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Leia a íntegra da conversa com a atriz, que contou com a participação de 323 pessoas. (05:14:31) BATE-PAPO UOL: Nesses 50 anos de carreira, você fez teatro, cinema e TV. O que você prefere? (05:16:18) Eva Wilma: Eu digo sempre, e com clareza no livro também, que sou atriz. E enquanto atriz, se eu ficar muito tempo sem retornar ao exercício do ator ao seu estado mais puro, eu corro o risco de parar de evoluir. O ator evolui no teatro, não precisa sem nem no palco, pode ser teatro de rua, pode ser aqui. Gosto muito de teatro. Gosto muito de televisão, fiz mais de 30 novelas, mais de 30 peças de teatro, muitas séries. Mas o teatro é o celeiro do ator. (05:15:09) BATE-PAPO UOL: Como surgiu a idéia desta biografia? (05:21:54) Eva Wilma: A Imprensa Oficial, através de seu diretor, que escreve o prefácio, idealizou essa coleção. O formato é de "pocket book" (livro de bolso), mas o meu e mais alguns são em formatos especiais. A Edla me ajudou, tive o prazer de contar com ela. Ela já tinha escrito um texto, há três anos, sobre meus 50 anos de carreira. Nós somos muito amigas, há uma cumplicidade. Ela é autora de livros, tem 25 já lançados. Eu aceitei o convite de ter essa biografia, porque já tinha lido outras da coleção e achei ótimo. A Edla e o André Mello, que é meu produtor executivo, dominam o computador muito bem, antes eu praguejava contra a informática, agora já consigo enviar e-mails. Bem, em nossos primeiros encontros ela me entregou essa máquina infernal, e eu não me dei bem. Eu gosto muito de escrever à mão, então rascunhei tudinho, tudinho, durante dez meses. São 250 páginas com muitas fotos. Segunda, dia 18, será lançada uma biografia do Carlos Zara. (05:17:32) BATE-PAPO UOL fala para Eva Wilma: Você começou a carreira como bailarina. Por que decidiu ser atriz? (05:28:24) Eva Wilma: Minha formação era de bailarina. Eu estudei muito música, violão e piano. E línguas também, que é um "problema" da educação européia.(05:22:01) BATE-PAPO UOL fala para Eva Wilma: Você estudou balé, teatro, música e canto. Teve uma educação artística bem ampla. Os seus pais eram muito rígidos com a sua educação? (05:27:24) Eva Wilma: Meus pais não eram muito rígidos. Minha mãe tinha se formado em piano e meu pai era tenor na igreja católica. Ela era atéia e ele católico muito praticante e eram alemães. Eles vieram para o Brasil com um contrato de trabalho, ele trabalhava em uma grande empresa de metais. Eu fui umas quatro vezes para a Alemanha. Então, meu pai cantava muito bem, e cantava em casa e eu queria sim ser bailarina. Eu decidi ser atriz quando um rapagão, muito bonitão, o John Herbert que já fazia cinema e me levou para os estúdios da Vera Cruz, para os ensaios do primeiro teatro de arena da América Latina. Depois disso eu pedi demissão do Balé do Quarto Centenário de São Paulo. Eu fiz um teste para substituir uma atriz que fazia teatro a domicílio. Eu descobri que ser atriz era muito bom. (05:22:33) FERNANDO: Eva, no Brasil, educação e cultura sempre estiveram como departamentos estanques. A inclusão de teatro como matéria curricular dos ensinos fundamental e médio não se constituiria em um valoroso instrumento de aprimoramento pedagógico? (05:29:48) Eva Wilma: Fernando, mas sem dúvida nenhuma! Eu sempre defendi muito isso. Não tenho dúvidas. Estamos vivendo um momento de caravana a Brasília para defender nossos parcos recursos. Acho que essa matéria seria um grande passo. (05:29:26) everton: Você acha que a cultura do teatro mudou? Você acha que as pessoas vão ao teatro por conta da peça ou por que há artistas famosos? (05:32:33) Eva Wilma: Everton, cada pessoa é uma pessoa. Posso dizer que há diferença entre as cidades. No Rio, que é uma cidade turística, as pessoas vão para se divertir. Em São Paulo, as pessoas vão ao teatro porque gostam de teatro, claro que grandes atores contam, a direção, a encenação, enfim. Eu sinto o público como um todo, esse contato é a grande magia que se estabelece entre o público e a encenação. Não sinto que eles estão lá por minha causa. Só sinto que estou transmitindo o que quero transmitir. (05:30:23) lia: Eva Vilma estou com muita saudades de ver você na TV, quando você vai voltar a fazer novelas? (05:34:31) Eva Wilma: Lia, sabe jogador de futebol, que tem passe comprado? Então, meu passe está comprado, pertenço ao time da Globo. Mas preciso que o Dunga me chame para jogar. Tenho feito teatro e cinema, esse ano estive no filme "Veias e Vinhos" e ano que vem sairá o filme "Sob o Signo da Cidade", que é escrito e protagonizado pela Bruna Lombardi e dirigido pelo Riccielli. (05:32:50) Rafael _Campinas fala para Eva Wilma: Eu nunca mais esqueci uma personagem sua, do início da década de 80. A novela era "Ciranda de Pedra", baseado num texto de Rachel de Queiroz. Você acha que as novelas de hoje não estão muito aquém do que eram nas décadas de 70 e 80? Não há mais tanta emoção, as histórias são fracas. (05:37:05) Eva Wilma: Rafael, só uma correção: quem escreveu foi a Lygia Fagundes Telles, não a Rachel de Queiroz. E eu gostei muito de fazer essa novela. Mas acho que tem uma certa diferença, porque as coisas ganharam uma velocidade incrível, e a TV aberta tem uma necessidade de público que é imediato. Tem uma frase que diz que o cinema pertence ao diretor, o teatro ao ator e, a TV aberta pertence ao patrocinador. E esse patrocinador nivela por baixo, infelizmente é assim. (05:36:11) Prata: Eva para sua biografia você utilizou somente relatos da sua vida profissional ou tem também da vida particular? (05:38:25) Eva Wilma: Prata, não consigo falar da vida profissional sem falar da minha vida. Foi uma entrega pra valer. O que mais me conquistou foi que, depois de 52 anos de carreira, depois de terem chafurdado minha vida, eu tive a opção de dar a minha versão que é mais pura. (05:37:41) BATE-PAPO UOL: Quais suas lembranças do início na TV, do seriado "Alô Doçura"? (05:42:40) Eva Wilma: São muito boas, "Alô Doçura" era uma "sitcom" baseada num programa de rádio, escrito por Otávio Gabus Mendes. Era um encontro entre um homem e uma mulher e muito inteligente. O filho do Otávio, o genial Cassiano Gabus Mendes, que foi o primeiro diretor artístico da América Latina, tinha esses textos e resolveu colocar no ar e me chamou para ser atriz. Ele reescreveu as histórias do pai e dirigiu. Cassiano era gênio porque não se contentava em dirigir, ele participava de todas as etapas. Há pouca coisa em arquivo, mas os filhos dele (Cássianinho e Tato) devem ter alguma coisa em casa. (05:39:45) fefê: Eva você nunca pensou em ser diretor de uma peça de teatro ou escrever alguma? (05:43:43) Eva Wilma: Fefê, nunca. Eu já dirigi uma vez, mas era um trabalho numa escola, um espetáculo de fim de ano, foi delicioso. Por enquanto eu prefiro estar atuando, quem sabe um dia dirigir seja estimulante.(05:42:49) Zila: Eva, tenho 46 anos e lembro que eu morava em Santos e fui ver uma gravação de "Mulheres de Areia" em Itanhaém e marcou muito a minha infância. Essa personagem foi pra você uma das mais importantes da TV? (05:48:28) Eva Wilma: Zila, eram duas irmãs gêmeas. Não só as personagens, mas também a Ivani Ribeiro, que era uma grande novelista. Foi um momento histórico da TV Tupi, que se transformou de branco e preto em cores. Ela bateu todos os recordes da TV Globo. A oportunidade de trabalhar duas personagens antagônicas era maravilhoso, tudo coincidiu em ser um grande trabalho, é muito raro não ter lembranças desse trabalho no ar. Era uma época que as emissoras não passavam no ar simultaneamente em todas as cidades. O diretor era o Carlos Zara, que também terá seu livro lançado na próxima segunda. É também um especial. (05:44:56) escravo da Eva W.: Eu vi em seu site que chegou a fazer teste para um filme do Hitchcock. Como foi essa experiência? (05:53:12) Eva Wilma: Escravo, eu fiz uma peça policial "Blackout", que também teve sua versão em cinema. O espetáculo foi um sucesso muito grande. O consulado americano tinha colaborado com os uniformes e como tivemos todo esse sucesso, articularam um convite para que o John Hebert ficasse 45 dias nos EUA e eu fui junto. Nessa viagem, quando cheguei em Los Angeles, e estava visitando os estúdios, um agente disse que Hitchcok precisava uma atriz latino-americana para ser uma cubana no filme "Topázio" e perguntou se eu não queria fazer as fotos para o teste. Eu fiz, depois ele me pediu os vídeos de testes e depois fui para lá. Fiz o teste com o próprio Hitchcock, que foi incrível. Ele tinha muito humor e sadismo. Mas, no fim, não fui aprovada. E tenho um consolo, "Topázio" não foi um bom filme, mesmo assim adoraria tê-lo feito. (05:51:15) santista: Você se sente realizada profissionalmente, ou acha que ainda falta algo que não realizou?(05:54:29) Eva Wilma: Santista, felizmente falta! Tem sempre mais para ser feito e não é puro perfeccionismo. Posso dizer que ja trabalhei com grandes diretores, como o Othon Bastos e vou trabalhar com ele de novo, em uma peça muito bonita e tudo está se concretizando agora em 2007. (05:53:36) Revoltado!!!: Boa tarde, Eva Wilma! Vc pranejou a sua carreira ou você literalmente deixou a vida lhe levar? (05:57:49) Eva Wilma: Revoltado!!!, que bom nome, eu também sou! Os anos 50 foram os anos da grande efervescência cultural, quando eu resolvi ser bailarina eu precisava trabalhar muito. Meu pai só não foi preso durante a 2ª Guerra Mundial, porque um amigo de minha mãe era policial e conseguiu tirá-lo a tempo da empresa onde ele trabalhava. Apesar de não ser sido preso, ele nunca se recuperou profissionalmente. Eu era filha única e percebi que precisava muito trabalhar. Eu tive que escolher entre o balé e o teatro. Foi a segunda grande decisão da minha vida. Eu aceitei três propostas simultâneas, pude assinar o compromisso com o Teatro de Arena, com a TV Tupi e com uma produtora de cinema. Era um momento muito bom, ao contrário de agora. (05:58:29) Eva Wilma: Estão vendo como eu falo bastante? O tempo já acabou. Tomara que o Dunga da Rede Globo me escale, já que é o desejo do público. Foi um prazer.
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