SÃO PAULO (Reuters) - O cineasta e roteirista norte-americano Hal Hartley revisita seus personagens de "As Confissões de Henry Fool" (1997) dez anos depois em "Fay Grim", que estréia em São Paulo e Brasília nesta sexta-feira. 
Na década passada, o diretor se firmou como um dos mais conhecidos autores do cinema independente norte-americano, com obras como "Amateur" (1994) e "Flerte" (1995).
Apesar de morar na Alemanha há alguns anos, o cinema de Hartley continua na mesma linha - flertando com a Nouvelle Vague, em especial com o estilo de Jean-Luc Godard, e trabalhando bem não apenas os diálogos como as situações visuais de seus filmes.
Em sua nova obra, é interessante descobrir o que andam fazendo os personagens de seu filme de "As Confissões de Henry Fool", que venceu prêmio de roteiro em 1997 no Festival de Cannes.
A personagem título, Fay Grim (Parker Posey, de "Superman - O Retorno"), continua neurótica e agora cria o filho (Liam Aiken, de "Desventuras em Série") sozinha, depois que o pai do menino, Henry Fool (Thomas Jay Ryan), matou acidentalmente uma pessoa e fugiu para o exterior.
O irmão da protagonista, Simon (James Urbaniak, de "Across the Universe"), acabou preso por ter emprestado seus documentos para essa fuga.
Fay não consegue lidar muito bem com o filho adolescente, que vive lhe trazendo problemas. Um dia, o menino é expulso da escola depois de mostrar um material pornográfico para os amigos. Os dois vivem às custas dos direitos autorais dos livros de Simon, cuja prisão o tornou mais famoso.
Todos pensam que Henry fugiu para a Europa, mas um agente da CIA (Jeff Goldblum, de "A Mosca") conta para Fay que ele morreu e que dois cadernos supostamente escritos por ele foram descobertos por autoridades francesas.
Fay é a única pessoa a quem as autoridades francesas podem entregar os cadernos, por causa de sua proximidade com Henry Fool. O interesse da CIA e outros espiões na obra vem do fato de que ali estariam ocultos segredos políticos.
Começa então uma jornada internacional com Fay lidando com autoridades e criminosos pela Europa para salvar a sua vida e os cadernos de Henry Fool. A verdade sobre ele, que vem à tona, é perigosa, pois ele não é bem o que aparentava ser - um pacato escritor.
Seu passado político guarda segredos sobre governantes de diversos países e pode colocar em risco a segurança dos Estados Unidos.
No fundo, "Fay Grim" é uma espécie de comédia de erros séria. Por trás de seu humor e uma trama cada vez mais absurda, o filme guarda comentários sobre a paranóia que toma conta dos Estados Unidos do pós-11 de setembro. O agente da CIA, por exemplo, acredita que todo mundo é um terrorista em potencial, até que se prove o contrário.
Desde "As Confissões de Henry Fool" e "Fay Grim" dez anos se passaram. O mundo todo e os Estados Unidos, em especial, mudaram muito. Os comentários que Hartley faz sobre a geopolítica contemporânea, às vezes, parecem exagerados, mas ainda assim têm algo de relevante.
(Por Alysson Oliveira, do Cineweb)
© Thomson Reuters 2008 All rights reserved.

Na década passada, o diretor se firmou como um dos mais conhecidos autores do cinema independente norte-americano, com obras como "Amateur" (1994) e "Flerte" (1995).
Apesar de morar na Alemanha há alguns anos, o cinema de Hartley continua na mesma linha - flertando com a Nouvelle Vague, em especial com o estilo de Jean-Luc Godard, e trabalhando bem não apenas os diálogos como as situações visuais de seus filmes.
Em sua nova obra, é interessante descobrir o que andam fazendo os personagens de seu filme de "As Confissões de Henry Fool", que venceu prêmio de roteiro em 1997 no Festival de Cannes.
A personagem título, Fay Grim (Parker Posey, de "Superman - O Retorno"), continua neurótica e agora cria o filho (Liam Aiken, de "Desventuras em Série") sozinha, depois que o pai do menino, Henry Fool (Thomas Jay Ryan), matou acidentalmente uma pessoa e fugiu para o exterior.
O irmão da protagonista, Simon (James Urbaniak, de "Across the Universe"), acabou preso por ter emprestado seus documentos para essa fuga.
Fay não consegue lidar muito bem com o filho adolescente, que vive lhe trazendo problemas. Um dia, o menino é expulso da escola depois de mostrar um material pornográfico para os amigos. Os dois vivem às custas dos direitos autorais dos livros de Simon, cuja prisão o tornou mais famoso.
Todos pensam que Henry fugiu para a Europa, mas um agente da CIA (Jeff Goldblum, de "A Mosca") conta para Fay que ele morreu e que dois cadernos supostamente escritos por ele foram descobertos por autoridades francesas.
Fay é a única pessoa a quem as autoridades francesas podem entregar os cadernos, por causa de sua proximidade com Henry Fool. O interesse da CIA e outros espiões na obra vem do fato de que ali estariam ocultos segredos políticos.
Começa então uma jornada internacional com Fay lidando com autoridades e criminosos pela Europa para salvar a sua vida e os cadernos de Henry Fool. A verdade sobre ele, que vem à tona, é perigosa, pois ele não é bem o que aparentava ser - um pacato escritor.
Seu passado político guarda segredos sobre governantes de diversos países e pode colocar em risco a segurança dos Estados Unidos.

No fundo, "Fay Grim" é uma espécie de comédia de erros séria. Por trás de seu humor e uma trama cada vez mais absurda, o filme guarda comentários sobre a paranóia que toma conta dos Estados Unidos do pós-11 de setembro. O agente da CIA, por exemplo, acredita que todo mundo é um terrorista em potencial, até que se prove o contrário.
Desde "As Confissões de Henry Fool" e "Fay Grim" dez anos se passaram. O mundo todo e os Estados Unidos, em especial, mudaram muito. Os comentários que Hartley faz sobre a geopolítica contemporânea, às vezes, parecem exagerados, mas ainda assim têm algo de relevante.
(Por Alysson Oliveira, do Cineweb)
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