sábado, 2 de agosto de 2008

Em O Signo da Cidade, tramas múltiplas enredam personagens urbanos numa teia de encontros, desencontros e descobertas.







O primeiro filme de Carlos Alberto Riccelli como diretor tem como inspiração o filme Crash, de Paul Haggis, onde acontece uma relação entre um grupo de pessoas e a cidade onde vive. No caso, a São Paulo de O Signo da Cidade é uma metrópole rica, barulhenta e suja, em que todos se esbarram e nutrem sua carência com essa proximidade. Como na esmagadora maioria dos "filmes de grande elenco", alguns núcleos são mais bem resolvidos que outros. Bruna Lombardi, mulher de Riccelli, também roteirista do filme, faz uma personagem muito interessante, da astróloga que reencontra o pai, que se encontra no leito de morte, e passa a pesar as decisões que toma em vida - o que é agravado quando um jovem suicida se atira de sua janela. É o que desencadeia uma série de eventos que dá a Riccelli a oportunidade de mostrar a cidade pela qual claramente é apaixonado, embora o filme, assim como São Paulo, deixe perguntas sem respostas, e assim como Crash, deixa a narrativa refém de um acaso que só existe em filmes.



A produção é uma envolvente colagem de pequenas histórias urbanas, carregadas de tudo aquilo que caracteriza nossa efêmera vida: traições, solidariedade, medo, miséria, apatia, egoísmo e por aí vai. Nada de novo, como em “short cuts” e as “cenas da vida”. Entretanto, vale – e muito, ser visto. Na verdade, o “grande ator” da obra é um sentimento pra lá de comum em grandes formigueiros urbanos: a solidão. Asfalto, prédios, automóveis, luzes e um mundaréu de pessoas apressadas parecem sempre aprofundarem nossa sensação de vazio. Sentimos-nos ainda mais insignificantes. Na grande cidade, aqui no caso São Paulo, nosso desespero é mais sufocante que a sensação extraída da obra clássica de Edward Munch. Ninguém nos nota porque não notamos também a vastidão de histórias expostas nos gestos das pessoas que nos cercam, anônimas. Teca, interpretada pela sempre belíssima Bruna Lombardi, ganha a vida em profissões que julga ser solidárias: radialista de programas de auto-ajuda e cartomante. Assim, é impossível que ela deixe de se envolver em dezenas de dramas pessoais, ou seja, ela faz aquilo que evitamos fazer e maximiza nossa sensação de abandono: ouvir os problemas alheios. Assim, ela passa a ser o elo, a intersecção de muitas vidas que orbitam num cenário comum e, como não poderia deixar de ser, nem ela tem noção de ser esse elo e da dimensão de tantas vidas que se misturam, se completam. Essa colagem de pequenas histórias urbanas compõe o quebra-cabeça da vida de qualquer cidade. Desde os gregos antigos, já é clássico percebermos que uma pólis é uma comunidade de pessoas e não suas respectivas edificações. Numa grande cidade, é inevitável que essas vidas se enrosquem, se colidam. Em cada colisão sobressaem os heróis, os escroques, as tragédias, as ilusões. Sob qualquer circunstância, é muito gostoso vermos a cidade de São Paulo na telona e reconhecermos nela os lugares que tantas vezes já passamos. Muitas vezes ela nos parece mais bela ou menos feia dependendo do ponto de vista.

Sinopse

Gil (Malvino Salvador) está casado e só. Lydia (Denise Fraga) flerta com o perigo. Josialdo (Sidney Santiago) nasceu para ser mulher. Mônica só quer se dar bem. No programa noturno de rádio, que atende ouvintes anônimos, a astróloga Teca (Bruna Lombardi) se vê entre os anseios dos outros e os próprios problemas. Aos poucos, o destino enreda a todos numa única teia. Na luta para romper o isolamento e achar o rumo da redenção, eles vão descobrir o poder transformador da solidariedade.

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