'Dancin'Days' completa 30 anos e é lembrada em 'A Favorita'Mariana Trigo
TVGlobo/Divulgação
A novela Dancin' Days ditou moda na década de 70
Há exatos 30 anos, o Brasil começou um processo de abertura política, marcado pelo término do AI-5. Neste cenário de transição no país, estreava a frenética e multicolorida novela Dancin' Days, que ficou no ar de 10 de julho de 1978 a 27 de janeiro de 1979.
O ritmo eletrizante da discoteca, inspirado no filme Os Embalos de Sábado à Noite - estrelado por John Travolta - e a nova linguagem dramatúrgica proposta por Gilberto Braga - com diálogos cada vez mais naturalistas -, mudou o cenário das telenovelas no país. Apoiado por Janete Clair, o autor deixava para trás sua carreira como "adaptador" de obras, como Escrava Isaura e Senhora, para estrear no horário nobre da Globo.
A emissora, temendo um grande fracasso, só concordou porque Janete Clair garantiu que, se a história fracassasse, ela continuaria a novela. Protagonizada pelas irmãs Júlia Matos e Yolanda Pratini, de Sônia Braga e Joana Fomm, a trama contava a história de Júlia, uma ex-presidiária que tentava reconquistar o amor da filha Marisa, da então estreante Glória Pires. A menina foi criada por Yolanda na alta sociedade carioca. "Esse tema surgiu quando a Janete assistiu a um Globo Repórter sobre mulheres no presídio e me ligou sugerindo que eu fizesse alguma coisa sobre uma mulher que saía da prisão", lembra Gilberto. Com uma abertura dançante, embalada pela canção Dancin' Days, das Frenéticas, a novela dirigida por Daniel Filho nos primeiros 26 capítulos lançou modismos da era "disco". Entre eles, a famosa meia de lurex usada com salto alto e as blusas coloridíssimas de Júlia.
A personagem se destacava na pista de dança da Frenetic Dancin' Days, boate que era um dos principais cenários da história e inspirada na discoteca homônima de Nelson Motta, no Rio. "Desde essa época a TV não viu nada mais revolucionário na moda. Tudo na história virava modismo", ressalta a figurinista da trama, Marília Carneiro. Nesse clima de euforia da época, a trama retratava com fidelidade a "high society" carioca com o casal Yolanda e Horácio, de Joana Fomm e José Lewgoy. "Foi aí que deslanchei como atriz.
Fiz tudo para que Yolanda não virasse uma caricatura. Pedia por favor para que ela não ficasse boazinha no final da história", destaca Joana Fomm. As personagens Júlia e Yolanda, que rivalizaram toda a história pelo amor de Marisa, de Glória Pires, protagonizaram uma das cenas mais marcantes da história da dramaturgia numa longa briga no último capítulo da trama, com direito a tapas e puxões de cabelo. "Essa cena foi um fenômeno.
No início da novela, o Daniel Filho deu todo o tom da história, ajustou uma luz impecável e enfatizou cada detalhe. Todos tinham muita química", elogia Sônia Braga. Durante a história, Júlia se envolve com Cacá, de Antônio Fagundes, e Beto, do estreante Lauro Corona, que vira namorado de Marisa. Já no meio da história, a ex-presidiária se casa com o rico e apaixonado Ubirajara, de Ary Fontoura.
Além de retratar a saga das irmãs, a novela destacou o bairro de Copacabana como cenário através do personagem Alberico, de Mário Lago, que era pai da charmosa Carminha, de Pepita Rodrigues. "Essa novela acabou com o 'papai e mamãe' das novelas caretonas. Gilberto Braga revolucionou tudo, inclusive o vocabulário dos personagens", anima-se Pepita. Já Marcos Paulo, que estreou como diretor na história, também dirigida por Dennis Carvalho e Gonzaga Blota, se lembra de figuras da sociedade carioca fazendo pequenas participações na trama, como o arquiteto Edgar Moura Brasil - companheiro de Gilberto Braga -, Danuza Leão e Hildegard Angel, entre outros. "Nesta primeira vez que dirigi novelas peguei logo um carrão. Convivi com gente que eu admirava muito", recorda Marcos.
Diante da disputa das irmãs que movia toda a trama e dividia o público, Gilberto Braga se surpreendia com o sucesso da trama que ele mesmo duvidava que poderia dar tão certo. "Virei uma celebridade na época. Vivia em estado catatônico", diverte-se o autor, que assume que presencia um "déjà vu" atualmente.
Segundo o autor, A Favorita, de João Emanuel Carneiro, usa o mesmo argumento da briga entre duas mulheres por uma filha, sendo que uma também é ex-presidiária. "Percebo semelhanças e até acho natural. Isso sempre acontece com novelas", minimiza. Já Joana Fomm é mais enfática. "Assim que vi a Cláudia Raia como a Donatela, falei: olha lá a Yolanda! Tenho certeza que elas também devem ser irmãs na novela", aposta a atriz.




Nos 30 anos de 'Dancin' Days', o autor Gilberto Braga relembra seu sucesso
Novelista diz que não faria um remake da novela. 'É muito difícil substituir aquela turma maravilhosa', afirma
Meias de lurex, globos espelhados, disco music agitando na pista. Foi esse o cenário que "Dancin' Days" levou a milhões de lares brasileiros há 30 anos, quando estreou na TV. Tanto tempo depois, a novela continua na memória de quem acompanhou a efervescência da discoteca no Brasil.
Novelista diz que não faria um remake da novela. 'É muito difícil substituir aquela turma maravilhosa', afirma
Meias de lurex, globos espelhados, disco music agitando na pista. Foi esse o cenário que "Dancin' Days" levou a milhões de lares brasileiros há 30 anos, quando estreou na TV. Tanto tempo depois, a novela continua na memória de quem acompanhou a efervescência da discoteca no Brasil.
No aniversário da trama, o autor Gilberto Braga relembra sua história - a primeira que assinou sozinho - e diz ao EGO que não tentaria repetir o sucesso do passado com uma nova versão.
EGO: "Dancin' Days" é uma novela comentada e festejada até hoje.
EGO: "Dancin' Days" é uma novela comentada e festejada até hoje.
Qual seria o seu grande diferencial?
GILBERTO BRAGA: Acho que foi o meu temperamento, em 1978 era uma novidade, eu tinha uma formação diferente dos novelistas consagrados.
GILBERTO BRAGA: Acho que foi o meu temperamento, em 1978 era uma novidade, eu tinha uma formação diferente dos novelistas consagrados.
Na época alguma trama foi deixada de lado? O que, de repente, não achava que daria certo e deu?
GILBERTO BRAGA: Eu não comento o que não deu certo porque freqüentemente tem a ver com escalações erradas e pode ficar indelicado com intérpretes.
Se a novela tivesse que ir ao ar hoje, você acha que ela faria o mesmo sucesso?
Se a novela tivesse que ir ao ar hoje, você acha que ela faria o mesmo sucesso?
GILBERTO BRAGA: Acho que sim. É uma boa trama, emocionante, o público gosta de boas tramas.
E se tivesse que fazer um remake da trama, que atores gostaria de escalar para os papéis principais?
E se tivesse que fazer um remake da trama, que atores gostaria de escalar para os papéis principais?
GILBERTO BRAGA: Justamente, eu não gostaria de fazer um remake porque é muito difícil substituir aquela turma maravilhosa.
Se você fosse adaptá-la para os dias de hoje. O que acrescentaria na novela para torná-la mais contemporânea?
Se você fosse adaptá-la para os dias de hoje. O que acrescentaria na novela para torná-la mais contemporânea?
GILBERTO BRAGA: Mais contemporâneo, nada. Tentaria melhorar os personagens masculinos, que eram fracos, por causa do meu texto, e dar muito mais ação. Eu escrevia sozinho e não tinha experiência.
Dizem que"A Favorita" tem um 'quê' de "Dancin' Days". Você acredita que João Emanoel Carneiro tenha "bebido da sua fonte"?
Dizem que"A Favorita" tem um 'quê' de "Dancin' Days". Você acredita que João Emanoel Carneiro tenha "bebido da sua fonte"?
GILBERTO BRAGA: Se bebeu, é natural. Todos nós bebemos em alguma fonte.

Trinta anos depois de a novela ir ao ar, Sônia Braga, a protagonista da trama de Gilberto Braga, declara: "Nunca me apaixonei pelo Fagundes ". Os dois faziam par na trama, exibida há 30 anos.
A atriz trouxe a polêmica à tona em entrevista publicada neste sábado, 12, na coluna de Bruno Astuto, no jornal "O Dia". Quando perguntada se já se apaixonou pelos atores com quem contracenou, Sônia respondeu: "Já me apaixonei pelos que beijam bem e, apesar de o Fagundes ser um beijoqueiro de primeira classe, nunca me apaixonei por ele. Éramos amigos, amigos de papo, incrivelmente divertidos. Sempre fui fã do Fagundes, mas nunca amante, como foi noticiado na época".

Nenhum comentário:
Postar um comentário