domingo, 22 de junho de 2008

Novo disco de Tom Zé sai primeiro na web para download gratuito




Tom Zé é imagem. Tom Zé é som. Tom Zé é ator. É semiótica, é funk, é pluralidade. Ousado, bruto, intelectual, tropicalista, urbano. Não faltam adjetivos para denominá-lo. E melhor, ele não pára na música. Seus experimentos vão além. O cantor tropicalista, aos 72 anos, não cansa de realizar inovações. O filho de Irará, no interior da Bahia, cidade ainda presa ao tempo medieval, como ele mesmo gosta de ressaltar, acabou de fazer mais uma molecagem. Ele estréia o projeto Álbum Virtual, em consonância com outro projeto um pouco mais antigo: download remunerado, ambos gerenciados pela Trama Musical.

Desde a última quarta-feira (18), os internautas podem baixar gratuitamente o novo disco do Tom Zé: Danç-Êh-Sá - Dança dos Herdeiros do Sacrifício - O Fim da Canção - Ao Vivo. É uma versão ao vivo, para o disco homônimo, gravado em estúdio em 2006. O álbum ganha um significado especial. Com bem diz o slogan do projeto a música é "grátis para você, remunerado para o artista". Ou seja, mesmo sendo baixado gratuitamente, o artista continua a receber a grana pelo trabalho desenvolvido. Para poder baixar as músicas, basta realizar cadastro fácil e simples no site Trama Virtual, escolher o link Álbum Virtual. E pronto! Em minutos, as faixas estão no HD de seu computador.

O Álbum Virtual resulta da experiência do download remunerado que vem sendo desenvolvido, desde setembro de 2007. No entanto, ele ganha nova roupagem. Além de puxar da Internet as músicas, o ouvinte ainda recebe no pacote a capa, o encarte com as letras e extras. "Várias bandas estavam colocando suas músicas no download remunerado e pronto. Mas aí a gente pensa: 14 músicas compõem realmente um álbum? Não falta a direção artística? Uma capa? A ficha técnica? As letras? Daí veio a idéia do Álbum Virtual. Com todos esses elementos. Se por um lado o CD possui uma limitação de espaço de memória e de limitação gráfica, na internet é tudo diferente. Lá você pode colocar tudo. Trechos de entrevistas, capas não aprovadas, versões instrumentais, making off de gravação. A escolha de como vão ser os extras é sempre uma opção dos artistas", explica João Marcelo Bôscoli, presidente da Trama.

A escolha do nome de Tom Zé é circunstancial. O baiano já vinha desenvolvendo um novo projeto musical. Além de já ter um material produzido, Tom Zé, para João Marcelo, é um artista aberto a novidades e dialoga com várias gerações, sobretudo com o público universitário, além do público em desenvolvimento e o público que acompanhou a formação desse espaço virtual.

Danç-Êh-Sá - Ao Vivo ficará disponível no espaço virtual por três meses. Ele é o primeiro, de muitos que virão. Os próximos lançamentos em arquivo digital serão Ed Motta, Cansei de Ser Sexy, Quinteto em Branco e Preto e uma coletânea da Trama que comemora 10 anos, em novembro. O objetivo da gravadora é lançar em digital todo o seu acervo. "Assim que passar o lançamento do disco do Tom Zé, nós mergulharemos em nossos arquivos e vamos disponibilizar tudo até o fim do ano", explica Bôscoli. Ele ainda reforça que a Trama não deixará de gravar discos físicos. Em tempos de multi-formatos, a intenção é contemplar todos os formatos: DVD, CD, formato digital, aptos para celulares e outros reprodutores.

No som sem voz
Danç-Êh-Sá - Dança dos Herdeiros do Sacrifício - O Fim da Canção é um disco significativo na trajetória de Tom Zé. Segundo o próprio, trata-se de uma de suas produções mais políticas e contestatórias. Como sugere o pomposo título, Tom Zé chega perto de decretar o fim da canção. Dominador das palavras precisas, o músico abdica delas e faz um disco de apenas sons onomatopéicos, com referências no samba, no funk carioca e outros ritmos.

Experiência semelhante ele desenvolveu, em 2002, com a trilha sonora Santagustin, para o espetáculo do Grupo Corpo. Se no disco anterior ele investiu num disco só instrumental, em Danç-Êh-Sá, Tom Zé vocaliza o som. O disco, segundo o músico, exigia dele que fosse todo de natureza experimental. "Era um disco dirigido à juventude. Essa juventude, que, respondendo à entrevista da MTV, disse em números sempre superior a 80% que era hedonista, egoísta, sem interesse pela vida do planeta Terra. Essa pesquisa causou perplexidade. Eu queria mostrar à juventude que não há razão de sermos pessimistas, nós somos uma nação negra, jovem, temos várias vantagens com isso".

O disco, primeiro pensado em estúdio, a partir da trajetória de show foi se modificando e ganhando vida própria. "Depois de seis meses no palco, com todas as modificações cênicas, eu pensei. Agora sim, tá bom pra gravar". O disco, disponibilizado no site da Trama, traz como extra o clipe da música Acum-Mahá, onde ele pula, grita, faz um jogo de palco, sem verbalizar. Além disso, aparece uma entrevista muito exótica no qual ele defende o refrão "Tô ficando atoladinha/ Tô ficando atoladinha/ Tô ficando atoladinha", da funkeira Tati Quebra Barraco, com uma das produções "mais geniais" feita pela música brasileira. Para justificar, ele utiliza termos como metalinguagem, plurisemiótico, cita o teórico estadunidense Charles Pierce, entre outros. Cousas descomidas por Tom Zé.

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