
Eduardo Ribeiro
1968 foi um ano marcado por agitações políticas e protestos em todo o mundo. Os jovens, impulsionados pelo ideário psicodélico de paz, amor e expansão da mente, produziram música e arte ricas em significado e paixão. A cultura pop sofria transformações contundentes com a força que ganhava a idéia de contracultura entre os estudantes. O debate acontecia em torno da Guerra do Vietnã, nos Estados Unidos, no meio universitário europeu, e, no Brasil, em pleno auge da luta contra a ditadura militar.
O fato que ficou tido por emblema de todo esse sentimento de urgência vivido pela juventude aconteceu após o fechamento da Universidade de Nanterre, na França, na data de 2 de maio. Os estudantes já vinham protestando há algumas semanas contra a postura autoritária e burocrática da instituição.Consequentemente, alunos da Sorbonne foram às ruas em apoio, e os trabalhadores declararam greve e ocuparam fábricas. Milhares invadiram as ruas, em choque com a polícia, armados de slogans revolucionários e coquetéis molotovs. O Rock'n'Roll, que abandonava o iê iê iê para se tingir de sujo e imaginativo, embalou todo o levante. O discurso de pensadores como Guy Debord e Herbert Marcuse embasavam as ações. Truffaut e Godard fizeram coro à sabotagem ao Festival de Cannes daquele simbólico ano, cuja trilha sonora incluía:
1. Beatles; White Album O famoso Álbum Branco dos Beatles sucedeu o viajandão Sgt. Pepper's. Disco duplo, apresenta uma guinada da banda para um rock mais visceral. Exemplos claros disso são faixas como "Back in the USSR", "Helter Skelter" e "Revolution". Esta última, notadamente referência às movimentações que aconteciam naquele ano. Os Beatles pregavam, na letra, uma revolução pacífica, e não armada.
2. Rolling Stones; Beggars Banquet Não foi ao acaso que o Rage Against the Machine regravou "Street Fighting Man", dos Stones. A sexta música de Beggars Banquet, de longe uma das melhores criações de Jagger, Richards & Cia., aborda a pobreza que faz um homem ir à luta contra o sistema nas ruas de Londres. O álbum marcou a última colaboração de Brian Jones com a banda. Faz parte do repertório ainda "Sympathy for the Devil", uma afronta aos religiosos, e também nome de filme por Godard (a versão sem cortes foi lançada recentemente, sem cortes, nomeada One Plus One), onde o diretor parte do processo de composição da música para debater temas políticos e filosóficos.
3. Led Zepellin; homônimoDepois de mudarem de nome, o The New Yardbirds passou a chamar-se Led Zeppelin. Em outubro de 1968 rolou a primeira apresentação, na Universidade de Surrey, Guildford. Do repertório saiu o primeiro disco do Led, lançado no ano seguinte, uma combinação de blues acelerado e guitarras distorcidas que resumiam a tônica transcendental da época. De fato, o som do LedZep era feito por quatro virtuosos músicos capazes de transformar imaginação em melodias, longos interlúdios psicodélicos e bases inesquecíveis.
4. Simon & Garfunkel; The Graduate Para quem não era tão da pá virada assim, existia o Simon & Garfunkel, que chegou ao topo da carreira como trilha sonora do filme The Graduate, com Dustin Hoffman no papel de um cara que se vê envolvido em tragicômico triângulo amoroso. No Brasil, foi lançado como A Primeira Noite de Um Homem. "Mrs. Robinson", uma cover folk, é o grande hit do repertório. O som não apresenta radicalismo algum, mas possui melodia que remete imediatamente ao clima nostálgico de ser adolescente nos anos 60.
5. Jimi Hendrix; Electric LadylandO eterno mestre da guitarra superou-se a si mesmo ao finalizar este lançamento. Figura carimbada nas listas constantes trazendo os maiores álbuns de todos os tempos, este foi o último trabalho do grupo batizado The Jimi Hendrix Experience. Hendrix, após o estupendo feito, viveu os restantes dois anos loucos de sua vida gravando incessantemente e tentando arrumar outro grupo. Ele nunca mais retornou ao estúdio para cuidar das produções.
6. Tropicália; Panis et CircensisPanis et Circensis, o manifesto sônico do movimento Tropicalista, foi gravado em pleno maio de 68. O movimento, predominantemente estético, aglutinava sob mesma patente as raízes mais tradicionais da cultura brasileira e as inovações vanguardistas que buscavam. Com isso, Caetano, Gil, Gal, Nara Leão, Tom Zé, Os Mutantes, o maestro Rogério Duprat e os poetas Capinan e Torquato Neto conceberam uma obra-prima que alargou os horizontes tanto musicais quanto comportamentais entre a moçada.
7. MC5; Kick Out the JamsAntes do punk e seu discurso ácido, veio o MC5, uma das bandas de rock mais agressivas do período. Seu legendário primeiro álbum, em que o vocalista berra ao início do show "Kick Out The Jams, Mother Fuckers!" - ou seja, vamos arrasar com tudo! - foi gravado ao vivo no Grande Ballroom em 1968, com distribuição em 69. Palavrões e idéias assumidamente revolucionárias faziam a "fama" dos caras, que eram afiliados aos White Panters e defensores do uso da maconha. Diz a lenda que High Time, disco de 71, inspirou o nome da revista High Times, que trata de assuntos relacionados ao consumo da erva. O logotipo do grupo ostenta desenho da folha ao fundo com uma panterinha branca saltando à frente. Os Panters também se formaram em 68, compunham um movimento de brancos americanos que apoiavam a luta dos Black Panters, entre outras propostas, como nada menos que "uma revolução cultural".
1968 foi um ano marcado por agitações políticas e protestos em todo o mundo. Os jovens, impulsionados pelo ideário psicodélico de paz, amor e expansão da mente, produziram música e arte ricas em significado e paixão. A cultura pop sofria transformações contundentes com a força que ganhava a idéia de contracultura entre os estudantes. O debate acontecia em torno da Guerra do Vietnã, nos Estados Unidos, no meio universitário europeu, e, no Brasil, em pleno auge da luta contra a ditadura militar.

O fato que ficou tido por emblema de todo esse sentimento de urgência vivido pela juventude aconteceu após o fechamento da Universidade de Nanterre, na França, na data de 2 de maio. Os estudantes já vinham protestando há algumas semanas contra a postura autoritária e burocrática da instituição.Consequentemente, alunos da Sorbonne foram às ruas em apoio, e os trabalhadores declararam greve e ocuparam fábricas. Milhares invadiram as ruas, em choque com a polícia, armados de slogans revolucionários e coquetéis molotovs. O Rock'n'Roll, que abandonava o iê iê iê para se tingir de sujo e imaginativo, embalou todo o levante. O discurso de pensadores como Guy Debord e Herbert Marcuse embasavam as ações. Truffaut e Godard fizeram coro à sabotagem ao Festival de Cannes daquele simbólico ano, cuja trilha sonora incluía:
1. Beatles; White Album O famoso Álbum Branco dos Beatles sucedeu o viajandão Sgt. Pepper's. Disco duplo, apresenta uma guinada da banda para um rock mais visceral. Exemplos claros disso são faixas como "Back in the USSR", "Helter Skelter" e "Revolution". Esta última, notadamente referência às movimentações que aconteciam naquele ano. Os Beatles pregavam, na letra, uma revolução pacífica, e não armada.

2. Rolling Stones; Beggars Banquet Não foi ao acaso que o Rage Against the Machine regravou "Street Fighting Man", dos Stones. A sexta música de Beggars Banquet, de longe uma das melhores criações de Jagger, Richards & Cia., aborda a pobreza que faz um homem ir à luta contra o sistema nas ruas de Londres. O álbum marcou a última colaboração de Brian Jones com a banda. Faz parte do repertório ainda "Sympathy for the Devil", uma afronta aos religiosos, e também nome de filme por Godard (a versão sem cortes foi lançada recentemente, sem cortes, nomeada One Plus One), onde o diretor parte do processo de composição da música para debater temas políticos e filosóficos.
3. Led Zepellin; homônimoDepois de mudarem de nome, o The New Yardbirds passou a chamar-se Led Zeppelin. Em outubro de 1968 rolou a primeira apresentação, na Universidade de Surrey, Guildford. Do repertório saiu o primeiro disco do Led, lançado no ano seguinte, uma combinação de blues acelerado e guitarras distorcidas que resumiam a tônica transcendental da época. De fato, o som do LedZep era feito por quatro virtuosos músicos capazes de transformar imaginação em melodias, longos interlúdios psicodélicos e bases inesquecíveis.

4. Simon & Garfunkel; The Graduate Para quem não era tão da pá virada assim, existia o Simon & Garfunkel, que chegou ao topo da carreira como trilha sonora do filme The Graduate, com Dustin Hoffman no papel de um cara que se vê envolvido em tragicômico triângulo amoroso. No Brasil, foi lançado como A Primeira Noite de Um Homem. "Mrs. Robinson", uma cover folk, é o grande hit do repertório. O som não apresenta radicalismo algum, mas possui melodia que remete imediatamente ao clima nostálgico de ser adolescente nos anos 60.
5. Jimi Hendrix; Electric LadylandO eterno mestre da guitarra superou-se a si mesmo ao finalizar este lançamento. Figura carimbada nas listas constantes trazendo os maiores álbuns de todos os tempos, este foi o último trabalho do grupo batizado The Jimi Hendrix Experience. Hendrix, após o estupendo feito, viveu os restantes dois anos loucos de sua vida gravando incessantemente e tentando arrumar outro grupo. Ele nunca mais retornou ao estúdio para cuidar das produções.

6. Tropicália; Panis et CircensisPanis et Circensis, o manifesto sônico do movimento Tropicalista, foi gravado em pleno maio de 68. O movimento, predominantemente estético, aglutinava sob mesma patente as raízes mais tradicionais da cultura brasileira e as inovações vanguardistas que buscavam. Com isso, Caetano, Gil, Gal, Nara Leão, Tom Zé, Os Mutantes, o maestro Rogério Duprat e os poetas Capinan e Torquato Neto conceberam uma obra-prima que alargou os horizontes tanto musicais quanto comportamentais entre a moçada.

7. MC5; Kick Out the JamsAntes do punk e seu discurso ácido, veio o MC5, uma das bandas de rock mais agressivas do período. Seu legendário primeiro álbum, em que o vocalista berra ao início do show "Kick Out The Jams, Mother Fuckers!" - ou seja, vamos arrasar com tudo! - foi gravado ao vivo no Grande Ballroom em 1968, com distribuição em 69. Palavrões e idéias assumidamente revolucionárias faziam a "fama" dos caras, que eram afiliados aos White Panters e defensores do uso da maconha. Diz a lenda que High Time, disco de 71, inspirou o nome da revista High Times, que trata de assuntos relacionados ao consumo da erva. O logotipo do grupo ostenta desenho da folha ao fundo com uma panterinha branca saltando à frente. Os Panters também se formaram em 68, compunham um movimento de brancos americanos que apoiavam a luta dos Black Panters, entre outras propostas, como nada menos que "uma revolução cultural".

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