quinta-feira, 26 de junho de 2008

The Breeders - O retorno

Moutain Battles 2008 parece ser o ano do reencontro das bandas, seja para shows, seja para produção de novos discos de velhas bandas. Surpreendente? Não muito, na verdade. Acontece todo ano com bandas diferentes e sempre nos assombramos. Definitivamente, as pessoas gostam de surpreender-se ou de esquecer-se.Entre 2006 e 2008, apreciamos um forte revival de várias bandas dos 80. Tendo em vista que talvez os 90 também se transformem num ícone de consumo , tal como ocorreu com os 80, temos aqui o novo disco de The Breeders. Vale a pena contar algo da história do grupo. The Breeders é, sobretudo, a banda de Kim Deal. Já teve muitas formações, contou sempre com a participação da irmã gêmea de Kim, Kelley. Ambas fizeram parte de The Pixies (Kim originalmente), a fantástica banda proto punk-noise com gotas de cha cha dos anos 90, que marcou estilos e se apropriou de outros também. Enfim, uma síntese da sua época e de diversas tendências. Nem toda síntese é boa. No entanto essa ficou genial, ao menos em minha opinião.Cabe destacar que The Breeders nasceu como um projeto paralelo a e não pós-Pixies como alguns supõem – aliás, a lista de projetos musicais de Kim Deal é longuíssima. Lançaram seu primeiro disco, o aclamado Pod, em 1990. Logo em seguida, no mesmo ano em que se dissolve Pixies, 1993, deram a luz seu êxito mundial Cannobal, do disco The Last Splash. Daí para frente, a história é cheia de vai e vens, de múltiplos projetos paralelos e, claro, de várias mudanças na formação da banda. Depois desse período de "vácuo", em 2002, vinho seu Title Tk e voltaram paras turnês mundiais. Após outro lapso de silêncio, que durou 6 anos, temos Moutain Battles.Bem, vamos ao disco: Moutain Battles parece, a primeira vista, um disco para fanáticos ou, ao menos, para pessoas que já escutaram Breeders além, claro, do seu hitizinho Cannoball, ultra-saturado e que não para de voltar, de vez em quando, às pistas (alguns djs acham que tocá-lo depois de The Pixies é uma combinação fantasticamente boa ou simplesmente óbvia). Moutain Battles soa como um jogo, algo hermético, ao menos de longe, por ser um disco muito intimista, quase cantado ao ouvido, sussurrado. A sujeira do som noise se mantém, mas agora parece decorativa para os vocais, menos marcadora de melodias e mais acompanhante. A simplicidade está na escolha de Kim, em conjunto com os produtores, por um som analógico, longe do digital. Sua voz rasga sentimentos e a vida com uma vitalidade e força incríveis, seja nos sussurros ou nas subidas. A primeira música do álbum, Overglazed, parece tirada de algum álbum do projeto Porno for Pyros, de Perry Ferrel, ou dos momentos mais noise de Lush. Sem dúvida, um dos melhores momentos é ouvir Regaleme esta Noche, nada mais e nada menos que uma balada cantada em espanhol. Em certos instantes, tive a impressão de que cada faixa era um disco propriamente dito. Moutain Battles simplesmente surpreende e fascina. Vale a pena percorrer e re-percorrer as 11 faixas com não mais de 37 de minutos, no total... Ao velho estilo (!). Minhas preferidas? Walk it of e Is the Love, sem dúvida para matar a saudades dos velhos primores de The Pixies, e Night of Joy, um deleite indescritível.Ah, esta semana pensei ser clichê. Sim, clichê. Pensei em atribuir "estrelinhas" aos discos, mas para fugir ao menos das estrelinhas, criei uma escala em "laranjinhas"... Vão aqui 4 de 5 laranjinhas para Mountain Battles, de The Breeders.
Por Gonzalo Insônia (correspondente da Espanha)(produtor da London Calling, festa que homenageia o brit rock/pop)

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